terça-feira, 30 de novembro de 2010

Cátedra Luiz Werneck Vianna e seminário na UFJF


Com um grande e importante seminário a ser realizado entre os dias 29/11 e 3/12, o Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) lançará a Cátedra Luiz Werneck Vianna.

Trata-se de uma homenagem, mas sobretudo de um justo e merecido reconhecimento. Werneck Vianna é um dos mais importantes e influentes cientistas políticos brasileiros, autor de obra substantiva, da qual derivou uma consistente teoria política do Brasil.  Sua posição sempre foi singular, especialmente porque soube articular, de forma inteligente e dialética, todas as eventuais "duplas dicotômicas" com que se queira abordar a realidade: atores e circunstâncias, processos e projetos, modernidade e tradição, Estado e sociedade civil, participação e representação. Além do mais, Werneck é um cientista social público, que não somente se dispõe o tempo todo à polêmica, como também busca interpelar os atores e interferir nas batalhas políticas. 

Sua sugestões e perguntas abrem clareiras de compreensão, mesmo quando não trazem consigo respostas prontas e acabadas. Ou talvez precisamente por isso. Sua teoria sobre os dilemas e promessas da modernização capitalista do Brasil, com foco concentrado na dimensão mais imediatamente político-cultural, é de uma riqueza a toda prova. Como marxista arejado, de inspiração gramsciana, um intelectual democrata de esquerda, Werneck Vianna opera num registro que ultrapassa os parâmetros formais da ciência política que se pratica entre nós. Seus textos e suas diferentes intervenções públicas, apaixonadas e muitas vezes de difícil compreensão, trazem sempre um enfoque rigoroso, criativo, sem concessões. Têm servido de referência para que se alcance um melhor entendimento da política  e da história brasileira.  

Gosto muito de uma de suas questões recorrentes: poderá o Brasil moderno se afirmar sem o apoio da tradição? Terá condições de comandar e dirigir a tradição? Se tiver, como Werneck sugere, só poderá fazê-lo se a política estiver no comando. Uma política bem compreendida, não reduzida a ação estatal e governamental nem a "política social", especialmente na versão que tem prevalecido nos últimos anos, qual seja, a de uma política "produzida de cima para baixo, que subestima a capacidade da sociedade de se auto-organizar sem a indução benevolente de um governo compadecido". 

A programação do Seminário é a seguinte:

Segunda-feira (29/11)
19h30 — Conferência: José Murilo de Carvalho.

Terça-feira (30/11)
13h30–16h30 — “O processo de constituição da sociedade Brasileira”, com Gisele Araújo (UniRio), João Marcelo Ehlert Maia (CPDOC/FGV), Robert Wegner (Fiocruz) e André Gaio (UFJF).

18h30–21h30 — “Pensamento social brasileiro”, com Sérgio Miceli (USP), Lilia Schwarcz (USP), Maria Arminda do Nascimento Arruda (USP), André Botelho (UFRJ) e Nísia Trindade (Fiocruz).
Quarta-feira (01/12)
14h–17h — “Modernização, mundo do trabalho e desigualdade”, com Jessé Souza (UFJF), Rogério Dultra (UFF), Antonia de Lourdes Colbari (UFES) e Eduardo Magrone (UFJF).

19h–21h30 — Conferência: Francisco Weffort.

Quinta-feira (02/12)
10h–12h — “Direito e democracia”, com Gisele Cittadino (PUC-Rio), José Eisenberg (UFRJ), Marcelo Burgos (PUC-Rio) e Juliana Magalhães (UFRJ).

14h–17h — “Teoria política, república e Brasil”, com Rubem Barboza (UFJF), Cícero Araújo (USP), Antonio Carlos Peixoto (UERJ) e Raul Magalhães (UFJF).

19h–21h30 — “Perspectivas da democracia no Brasil”, com Maria Alice Rezende de Carvalho (PUC-Rio), Renato Lessa (UFF) e Marco Aurélio Nogueira (UNESP).

Sexta-feira (03/12)
9h30–12h — “Tradição e mudança no Brasil”, com Lúcia Lippi (CPDOC/FGV), Marcelo Jasmin (PUC-Rio e IESP-UERJ), Maria Emilia Prado (UERJ) e Ricardo Benzaquen (PUC-Rio e IESP-UERJ).

14h–17h30 — “Esquerda e democracia”, com Milton Lahuerta (UNESP), Cesar Guimarães (IESP-UERJ), Marcelo Camurça (UFJF) e Luiz Sergio Henriques (Gramsci e o Brasil).

19h– Conferência de Encerramento: Luiz Werneck Vianna (IESP-UERJ).

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