segunda-feira, 26 de abril de 2010

Livro sobre Nabuco será lançado no IFHC, em São Paulo


Meu livro "O encontro de Joaquim Nabuco com a política. As desventuras do liberalismo", recém publicado pela editora Paz e Terra, será lançado em São Paulo na quinta-feira dia 29 de abril.

O lançamento ocorrerá no Instituto Fernando Henrique Cardoso e será aberto pelo próprio FHC. Com isso, acabará por ser mais que um evento literário ou acadêmico. Tudo somado, fará jus à figura pública de Nabuco e contribuirá para atualizar seu legado.

Espero que alguns dos meus amigos, colegas, alunos possam comparecer. Pelo livro, claro, mas também pela discussão, já que da sessão participará o historiador carioca Ricardo Salles, autor de um belo livro, Nabuco, pensador do Império, publicado anos atrás pela Topbooks.

A sede do IFHC fica na Rua Formosa, 367 - 6º andar. Bem no centro de São Paulo, praça Ramos, Metrô Anhangabaú, saída Formosa. Está marcado para 29/04 às 16h, com a sessão de autógrafos fixada para as 17h30.

Inscrições devem ser feitas com Cristiane Garcia, na Editora Paz e Terra, ou pelo telefone 11- 3337-8399 ou por email: imprensa@pazeterra.com.br.

Sei que o horário é complicado e que não é todo mundo que gosta ou pode ir ao centro, sobretudo no meio da semana. Sou suspeito, claro, mas acho que valerá a pena.

sábado, 24 de abril de 2010

Hora da verdade

La bocca de la verità - Roma

Agora que os candidatos caíram na estrada, que a fritura de Ciro Gomes se consumou e a integração ativa de Aécio Neves à campanha tucana parece favas contadas, é hora de perguntar o que nos reservarão as eleições presidenciais.

Em termos de marketing eleitoral, há poucas margens para novidades. ‘Pode-se esperar maior “judicialização” da área, dada a sofreguidão jurídica com que os comandos deverão se atacar reciprocamente. Muito esforço também será despendido para enquadrar os candidatos no padrão dos marqueteiros. Discursos arrumados, caras e bocas, frases de efeito, gestos simbólicos essenciais, concentração total para o momento da televisão -- afinal a imagem e a performance decidirão muita coisa. Ver-se-á quão à vontade os candidatos se sentirão e que constrangimentos terão ao se verem forçados a falar e fazer o que não gostariam.

Também será repetitivo o jogo de maior ou menor truculência que se travará para demonstrar ao eleitor que os candidatos são distintos, ou seja, para fixar a identidade de cada um. Isso pelo menos no ringue principal, em que se defrontarão PT e PSDB. O plebiscito é um expediente estranho à democracia e empobrece qualquer eleição. Mas as circunstâncias acabaram por impô-lo. Ele tenderá a levar o embate para territórios menos importantes, a personalizá-lo um pouco mais e a fazer com que o nível do debate oscile para baixo.

Mas é preciso reconhecer desde logo que tanto Serra quanto Dilma tem procurado construir bases de respeito mútuo, ainda que com alguns escorregões, que também são inevitáveis. Teremos de ver como se comportarão quando a temperatura subir. Mas já é um bom começo constatar que conseguem se cumprimentar em público e referir-se um ao outro em tom elevado.

As campanhas invadirão o mundo virtual, as eleições serão “norte-americanas”? Tomara que sim, porque será uma forma da política se aproximar do cotidiano. Porém, dada a natureza eminentemente anárquica das redes, pode-se esperar que o vale-tudo será pesado. Um passeio pelos ambientes do Twitter é revelador. Boatos, notícias plantadas ou amplificadas, movimentos mais ou menos sintonizados de desconstrução de imagens e propostas, o céu como limite. Para enriquecer a democracia, campanhas eletrônicas requerem eleitores politicamente educados, preparados para ver além da fumaça e da neblina, ou seja, para ligar de modo coerente o que é despejado segundo lógicas hipertextuais. Não é só uma questão de saber se os eleitores estão conectados em tempo integral.

Os ativistas e coordenadores da área poderão exibir habilidades técnicas inusitadas, agir como feras internáuticas, mas pouco produzirão se não conseguirem agregar valor ético e político aos seus tweets e, por esse caminho, ajudarem a educar a cidadania, facilitando o debate substantivo.

Esse o ponto: em que as campanhas emergentes contribuirão para oferecer aos brasileiros um esboço de seu futuro? Teremos uma disputa minimamente programática, em que idéias serão postas à mesa e servidas como iguarias? Ou teremos de nos contentar com coisas mais frugais, quem sabe com sobras de épocas mais fartas?

Sempre se pode esperar que a qualidade prevaleça sobre a quantidade, ainda que em condições difíceis. O país se defronta com uma agenda complicada, que requer concentração de energias, coesão política e compromissos claros. Os candidatos poderão contribuir muito se derem bons exemplos: se falarem com clareza de seus planos e metas, explicando, aos cidadãos, como multiplicarão os peixes, como farão para fazer com que todos ganhem e ninguém, pobre ou rico que seja, saia perdendo. A união do país talvez seja a chave que abrirá as portas do futuro: como alcançá-la sem que as feridas causadas em inimigos e adversários sejam sangrentas demais a ponto de impedir a cicatrização?

Isso também significa saber fazer escolhas: destacar o fundamental, por mais amargo que possa ser. Falar claramente, por exemplo, a respeito de Estado e de desenvolvimento, esses quase irmãos siameses da modernidade.

No caso do Estado, há indícios de que os candidatos apresentarão um desenho do que pretendem fazer com ele. Afinal, deixamos para trás a era FHC sem que a era Lula tenha recuperado o tema. Permanecemos na mesma, mas agora, em circunstâncias bem mais “estatais”, não há como fugir do assunto. Para além do discurso fácil de que se necessita de mais “intervenção”, de Estado “mais forte” e “ativo”, o decisivo será estabelecer com clareza os parâmetros da atividade estatal reguladora, que é de fato a que importa e decide tudo nestes tempos de vida líquida. Não ganharemos se a discussão ficar estacionada no terreno fiscal-financeiro, atrelada ao custo do Estado ou a seu tamanho. Sequer bastará a contraposição mecânica de Estado e mercado, por mais que se saiba que temos aí uma das grandes tensões da vida contemporânea. Precisamos de uma idéia clara seja do Estado administrativo de que o país necessita, seja do Estado político – do Estado que produz e garante a comunidade política – sem o qual a cidadania não pode avançar. Da combinação inteligente dessas duas faces do Estado (sem esquecer a face jurídica), nascerão as políticas sociais qualificadas para construir um país melhor.

O mesmo vale para o desenvolvimento. Encher a boca para dizer que precisamos fazer a economia crescer e gerar mais empregos é jogar para a platéia. Não acrescenta nada ao que se sabe e, para piorar, não esclarece o fundamental: como desenvolver sem agredir a natureza, sem sufocar os pequenos produtores, sem massacrar os trabalhadores e sem reduzir a economia a um sistema de mercadorias desprovido de preocupação social? Não indica também que pacto ético-político-social dará sustentação a um projeto de desenvolvimento de novo tipo, que precisamente por ser de novo tipo será muito mais complexo e desafiador.

Sem algo nessa direção, os eleitores ficarão a ver navios. E perderemos uma oportunidade. [Publicado em O Estado de S. Paulo, 24/04/2010, p. A2].

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Curso avalia idéias de Oliveiros S. Ferreira

O professor Oliveiros S. Ferreira foi meu orientador de doutoramento, na USP, entre 1974 e 1983. Uma longa e muito produtiva convivência, alimentada por ideias, ensinamentos e admiração. Com ele, aprendi muitas coisas. O rigor com que tratou minha pesquisa sobre Joaquim Nabuco foi decisivo para que eu chegasse a um produto apresentável, que bem ou mal sobrevive até hoje.

Na próxima sexta-feira, dia 16 de abril, terá início um mini-curso na USP dedicado ao pensamento e à produção intelectual de Oliveiros. É uma promoção de Departamento de Ciência Política. Serão 4 sessões, que recobrem os principais eixos do trabalho de Oliveiros.


Bela iniciativa, que oferece uma ótima oportunidade para se conhecer um pouco mais as idéias brilhantes e heterodoxas desse pensador da política.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Lançamento e aula inaugural em Floripa


Florianópolis é uma cidade linda. Todos sabem. Muitos também conhecem a energia que emana da UFSC, importante centro de formação e pesquisa.

Meus amigos e colegas do Serviço Social são intelectuais inquietos, reflexivos, sempre em busca de espaços de discussão. Será muito bom estar com eles nessa semana.