sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A mulher de Cesar





A investigação sobre formação de cartel em licitações do Metrô paulista e a suspeita de pagamento de propina a tucanos detonou uma guerra entre o PT e o PSDB com foco nas eleições de 2014. Os dois partidos mobilizaram suas estruturas no Congresso e em São Paulo para se atacar mutuamente e tentar atingir os projetos de reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e da presidente Dilma Rousseff (PT).
Tá certo. Ao abrirem mais uma batalha para ver se definem qual dos dois é o mais corrupto, PT e PSDB continuam a prestar um desserviço à democracia.
Primeiro, porque rebaixam a política a níveis extremos de mediocridade e autismo, tudo em nome de um conflito eleitoral que nada tem de projeto ou de dignidade substantiva. O pessoal que gosta de sangue e que acha que política é embate a-que-preço-for está feliz da vida: finalmente “voltou o esforço para distinguir e esclarecer”.
E segundo, porque ao final da guerra PT e PSDB chegarão onde todos já sabem: ambos serão vistos como igualmente venais, mas dirão que não o são.
Hoje, especialmente em política, não adianta alguém dizer que é (ou parecem sê-lo), é preciso ser de fato. Como a mulher de Cesar.
Para quem não lembra da história, consta que em 60 a.C o poderoso Júlio Cesar absolveu sua mulher Pompeia da acusação de adultério dizendo que não levava em conta o que se dizia dela, mas sim o que era ela. Pompéia foi para o ostracismo, e ninguém até hoje sabe o que aconteceu naquele longínquo ano. Desde então, ficou a expressão “À mulher de Cesar não basta ser honesta, é preciso que pareça ser honesta”.
A favor de Pompeia, fica o fato de que era linda, sexy e sedutora. Coisa que não pode ser dita nem do PT, nem do PSDB.

Um comentário:

Janice Borges disse...

Ótimo artigo. A analogia com Pompéia foi bem criativa e no final divertida.