quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Desejos de ano novo


Matisse, La danse, 1910

Ano novo é sempre um momento de reciclar esperanças e perspectivas. No plano pessoal, no geral e no profissional, na cultura e na política. Ainda que não tenha feito nenhuma reflexão sistemática sobre isso, acordei com alguns poucos desejos na cabeça, que socializo aqui, na esperança de que não sejam fruto do otimismo que costuma nos afetar nessa época do ano.
1. Que as ruas voltem a se mobilizar, a pressionar e a incomodar, consolidando a perspectiva de que quem manda no país são os cidadãos, não os governantes e os políticos. As pessoas devem ser os principais agentes das mudanças que se fazem necessárias. Inclusive da mudança política. É com elas que o Estado precisa pactuar, pois o Estado só faz sentido se tiver na base um pacto social consistente.
2. Que a conflitualidade social e as lutas sociais viabilizem as reivindicações dos diversos interesses e façam com que elas sejam reconhecidas e atendidas. Mas que isso não se faça em prejuízo dos trabalhadores não diretamente envolvidos, nem dos cidadãos que precisam ser atendidos pelos serviços públicos. Que os interesses organizados tenham força, criatividade e lucidez para reverem suas formas de luta.
3.  Que a “guerra psicológica” descoberta pela presidente caia no ridículo, nas suas duas versões possíveis: a dos adversários do governo, que querem fomentar desconfiança para desgastar o governo, e a do próprio governo, que deseja intimidar e desqualificar as oposições e os que criticam o governo.
4. Que o debate político prevaleça e descortine um futuro para o país. Que se abram espaços para a cooperação inteligente dos partidos, que os que estão próximos se aproximem de fato, que a baixaria e a adjetivação mal-intencionada saiam de cena. Que Eduardo Campos e Marina Silva cresçam, se tornem conhecidos e consigam fixar um campo alternativo para a disputa presidencial, incrementando a qualidade do debate. Todos ganharão com isso, mesmo que os dois protagonistas não vençam. Aliás, a maior vitória deles será deslocar o eixo político do país.
5. Que a Copa do Mundo transcorra da melhor maneira e seja palco de muita mobilização social, de muita voz, e não somente de muita bola. Que os protestos cerquem os estádios, denunciem os gastos absurdos, apontem o que está errado na organização do evento e na estrutura do futebol brasileiro, impeçam a manipulação político-eleitoral de quem quer que seja e exijam padrão FIFA para tudo. E que, nos campos, vençam os que jogarem melhor, não os que tiverem maior torcida.

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