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Matisse, La danse, 1910 |
Ano novo é sempre um momento de
reciclar esperanças e perspectivas. No plano pessoal, no geral e no
profissional, na cultura e na política. Ainda que não tenha feito nenhuma
reflexão sistemática sobre isso, acordei com alguns poucos desejos na cabeça,
que socializo aqui, na esperança de que não sejam fruto do otimismo que costuma
nos afetar nessa época do ano.
1. Que as ruas voltem a se
mobilizar, a pressionar e a incomodar, consolidando a perspectiva de que quem
manda no país são os cidadãos, não os governantes e os políticos. As pessoas devem
ser os principais agentes das mudanças que se fazem necessárias. Inclusive da
mudança política. É com elas que o Estado precisa pactuar, pois o Estado só faz
sentido se tiver na base um pacto social consistente.
2. Que a conflitualidade social
e as lutas sociais viabilizem as reivindicações dos diversos interesses e façam
com que elas sejam reconhecidas e atendidas. Mas que isso não se faça em
prejuízo dos trabalhadores não diretamente envolvidos, nem dos cidadãos que
precisam ser atendidos pelos serviços públicos. Que os interesses organizados
tenham força, criatividade e lucidez para reverem suas formas de luta.
3. Que a “guerra psicológica” descoberta pela
presidente caia no ridículo, nas suas duas versões possíveis: a dos adversários
do governo, que querem fomentar desconfiança para desgastar o governo, e a do
próprio governo, que deseja intimidar e desqualificar as oposições e os que
criticam o governo.
4. Que o debate político
prevaleça e descortine um futuro para o país. Que se abram espaços para a
cooperação inteligente dos partidos, que os que estão próximos se aproximem de
fato, que a baixaria e a adjetivação mal-intencionada saiam de cena. Que
Eduardo Campos e Marina Silva cresçam, se tornem conhecidos e consigam fixar um
campo alternativo para a disputa presidencial, incrementando a qualidade do
debate. Todos ganharão com isso, mesmo que os dois protagonistas não vençam.
Aliás, a maior vitória deles será deslocar o eixo político do país.
5. Que a Copa do Mundo
transcorra da melhor maneira e seja palco de muita mobilização social, de muita
voz, e não somente de muita bola. Que os protestos cerquem os estádios,
denunciem os gastos absurdos, apontem o que está errado na organização do
evento e na estrutura do futebol brasileiro, impeçam a manipulação
político-eleitoral de quem quer que seja e exijam padrão FIFA para tudo. E que,
nos campos, vençam os que jogarem melhor, não os que tiverem maior torcida.
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