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Francisco Martani - Biologia dell'inconscio - 1981 |
Especialmente porque um impasse
está delineado e ameaça crescer, foi muito boa a entrevista dada por Marco
Antonio Zago, Reitor da USP, ao Estadão
deste domingo. (Veja a íntegra neste link.) Como principal dirigente da maior e mais importante universidade
brasileira, tudo o que ele fala repercute e deve ser levado em consideração. É
uma espécie de parâmetro para que se avalie o quadro geral. No caso,
particularmente em São Paulo. A entrevista forneceu muitos elementos para reflexão.
Em sendo verdade, como disse o
Reitor – e não há qualquer motivo para que se duvide disso –, que a USP, ao
longo dos últimos anos, cresceu a ponto de ter hoje 92 mil alunos, 6 mil
docentes e 17 mil docentes (sem contar terceirizados e funcionários dos
hospitais), a pergunta que fica é: ela tem como ajustar suas finanças e fazer
com que o sistema rode redondo, ou seja, funcione bem? Se há 3 servidores
administrativos para cada docente e se não há qualquer possibilidade legal ou
disposição política para enxugar o quadro, como garantir sustentabilidade para
o futuro? Trata-se de uma universidade pública, não de uma empresa, o que torna
tudo mais difícil porque tudo de certo modo está engessado e há pouca margem para
manobras ousadas.
O certo é que solução há de
haver. Desafios existem para serem vencidos e os especialistas estão aí para
descobrir os caminhos. A USP é um celeiro de quadros. Como seu estado atual
também é o da UNESP e da Unicamp, os especialistas das três juntas poderiam formar
uma bela equipe para enfrentar a crise. Se trabalharem bem, ideias e
iniciativas surgirão.
Pois a situação pede
precisamente isso: criatividade, bons argumentos, transparência e propostas
efetivas. Reivindicações mais corporativas fazem parte e precisam ser
devidamente consideradas, mas não são o principal. Devem ser mantidas como fator dinâmico e postulação de justiça, mas precisam se combinar com iniciativas e ideias que olhem mais além.
2 comentários:
Marco, a crise na USP é de DEMOCRACIA TRANSPARÊNCIA! Há enorme concentração de poder e pouca visibilidade e participação. Por outro lado, há que se considerar a crise POLÍTICA que é externa, não só a USP, mas a todas as Universidades estaduais paulistas. A crise imposta por uma visão neoliberal da formação de recursos humanos e da produção científica. Talvez falte discutir o papel das universidades e adequar o seu projeto para o Brasil de hoje! O resto são números mágicos e falta de administração!
Na minha opinião, Francisco, nenhuma crise desta proporção tem causa única. Falta democracia e transparência? Em certo sentido, sim. Mas em outro, pode-se também dizer que há em excesso. Tudo é colegiado, as manifestações e os protestos são intensos, não há palavra tolhida ou censurada. As contas não são abertas ao público? Não são mesmo, mas se fossem duvido que alguém itia por elas se interessar. Erros de gestão? Com certeza. Mas não acho que se possa imputar tudo a "uma visão neoliberal de formação de recursos humanos e produção científica", até porque não dá para estabelecer com clareza o que é que propõe esta visão. Penso que o que falta mesmo é criatividade, boa vontade e coesão interna. Abraço
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